terça-feira, 13 de abril de 2010

sexta-feira, 26 de março de 2010

Game contra Aids ganha US$ 3,9 milhões

0 Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development garantiu um fundo de US$ 3,9 milhões para a Escola de Medicina da Universidade de Yale (EUA). No decorrer de cinco anos os recursos serão usados para desenvolver e testar um jogo online que será chamado de Retro-Warriors e que pretende ensinar adolescentes de diversos grupos étnicos como fazer escolhas saudáveis. A proposta é que os jogadores interpretem seus personagens em um universo virtual, aprendendo a evitar comportamentos de risco que podem levar à infecção pelo HIV.

Além disso, serão conduzidos estudos para tornar o ambiente virtual portátil e global, de modo que possa atingir países onde há maior crescimento da epidemia de AIDS mas que ainda contam com poucas estratégias de educação para redução dos riscos. Os colaboradores serão especialistas em desenvolvimento juvenil, teoria cognitiva social, desenvolvimento de inteligência artificial e profissionais de desenho de jogos (game design).

Talvez estejamos testemunhando um momento singular onde se anuncia a produção de um jogo voltado para a promoção da saúde com recursos suficientes para alcançar qualidades técnicas que rivalizem com os jogos comerciais.

(Por Marcelo de Vasconcellos).

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Carnaval se foi, faça o teste de Aids

Mais um Carnaval se foi. Mas, com o fim da folia de Momo, começa a tortura daquelas pessoas que por um motivo ou por outro não usaram preservativo nas relações sexuais. É que, passada a ressaca, muita gente põe a mão na cabeça e começa a se arrepender de não ter usado camisinha. Embora isso não aconteça somente após os quatro dias de esbórnia, nesse período pós-carnavalesco é que as consciências falam mais alto.


Pensando nisso, no último dia 6 de fevereiro, o Ministério da Saúde lançou, na vila olímpica da Estação Primeira de Mangueira, no Rio de Janeiro, a campanha de prevenção às DST/AIDS. Com cartazes, folhetos informativos, chamadas nas rádios e dois filmes para a TV, a mensagem deste ano foi dirigida a adolescentes de 13 a 19 anos. Nos últimos anos, a infecção por HIV vem crescendo entre meninos gays e meninas nesta faixa etária. O filme para gays tem uma tirada bem legal quando o rapaz puxa do bolso a camisinha e diz: “ah, é você?”. E a camisinha responde: “quem você pensou que fosse, sua identidade?” A frase serve, inclusive, para aqueles homens que fazem sexo com outros homens que não têm identidade homossexual. Muito boa.


Um terceiro filme foi feito para ser exibido após o Carnaval. Nele, a “camisinha” Luana Piovani, no criado-mudo do quarto de um sujeito que não consegue dormir porque transou sem proteção, aconselha às pessoas que também fizeram sexo sem proteção, que façam o teste de Aids. O filme fecha uma campanha bem elaborada, com textos diretos, sem preconceitos ou meias-verdades. Apenas duas coisas me incomodam. A primeira é que o teste não é de Aids, mas para detectar se a pessoa teve ou não contato com o HIV, por isso chamado teste anti-HIV. A segunda é que, apesar do teste ser oferecido sem custo nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) em todo o Brasil, ele não é gratuito. É pago com os nossos impostos. Assim como as propagandas que os governos fazem. Mas explicar isso não vem ao caso e a mensagem está correta porque não se deve pagar nada no posto público de saúde para fazer o teste.


Além disso, a campanha foi amplamente divulgada na TV, nas rádios, nas estações de embarque e desembarque de passageiros do metrô, em terminais de ônibus e em aeroportos. E a iniciativa do Ministério da Saúde de focar a campanha nas redes sociais da internet também foi uma grande tacada. Um único comentário é que a campanha não tinha nada de carnavalesca, ou seja, podia ser lançada e exibida em qualquer época do ano.

Um outro porém é a falta de grafismo nos cartazes. Se foram dirigidos às populações da faixa etária de 13 a 19 anos, devia ter mais grafismo, como a campanha francesa, pra lá de explícita, que está bombando na internet. Criado por Eric Holden e Rémi Noël para a ONG francesa AIDES, o filme mostra um pênis a procura de sexo num banheiro. E só consegue depois que uma garota lhe põe uma camisinha. É muito bom.


Para saber onde há um CTA na sua cidade, disque 0800 61 1997. A ligação é gratuita.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Big Brother, o fantasma da Aids e Foucault

Preconceito é horrível, principalmente quando vem da Alemanha, país que costuma despir-se de preconceitos justamente por ter apoiado o que gerou o holocausto. Aqui, o Big Brother Brasil 10 começou na terça-feira da semana passada. Enquanto era iniciado o Big Brother Brasil LGBT – sim, porque na “casa mais vigiada do Brasil” (aka Pedro Bial) a comunidade é maior que os 10% que se reivindicava da população – na Alemanha o participante tatuador desistiu de concorrer a um prêmio de 250 mil euros porque descobriu que o casal gay da casa é soropositivo. Preconceito é f***!

Como um tatuador de 41 anos, que teoricamente viveu a explosão da Aids dos anos 80 à metade dos 90, pode ser tão preconceituoso? Será que é preconceito meu achar que por ter vivido a pior época – a sentença de morte sem as drogas antirretrovirais – da epidemia o tatuador alemão não pode ter preconceito? Se o tatuador não usar luvas e agulhas descartáveis e separar as tintas em pequenas porções individuais, ele teoricamente também poderia transmitir ou infectar-se por HIV. Fico pensando em quantas pessoas soropositivas já tatuou. E me espanta mais ainda o fato de trabalhar com uma profissão de risco, cujos cuidados são fundamentais para evitar a propagação do vírus.

No BBB 8, uma participante falou que tinha perdido um amigo usuário de droga injetável por Aids. Mas o contexto ao que ela referiu foi tão surreal, pra dizer o mínimo, que foi amplamente ignorado pelos demais participantes e nem entrou nas edições da TV aberta. A Aids ainda não chegou à casa do BBB 10. Mas, no último domingo, enquanto se formava o primeiro paredão da edição, especulava-se no Twitter se Marcelo Dourado não estaria com AIDS. De fato, o “re-BBB” está com o rosto mais magro e exibe bem menos cabelo do que tinha na edição que participou, o BBB 4.

Mas Aids não tem cara. Quando as pessoas vão se acostumar com essa ideia? Aliás, a Aids pós-tratamento antirretroviral tem muitas caras, todas infinitamente diferentes daquela que Cazuza estampou na capa da Veja quando assumiu sua doença diante do Brasil. Atualmente, a cara da Aids é jovem, tem corpo musculoso; é velha, tem pneus na cintura, pernas finas e giba no ombro; é mulher, tem ombros largos e barriga que parece de gravidez. Mas a Aids tem a cara, preferencialmente, de quem procura a Aids na cara das pessoas. Porque é ela quem está mais vulnerável à Aids.

Adoro Big Brother. Já cobri vários. Alguns deles, começava a trabalhar às 8 da noite e só parava de manhã. Em noites mais movimentadas ia dormir às 2 da tarde porque o dia emendava a noite e eu simplesmente não conseguia parar de trabalhar. Fui eu quem deu a foto, reproduzida da TV por uma máquina digital que armazenava arquivos em disquete, da primeira relação sexual no BBB, se não me engano, a segunda edição. Já tive época de cobrir BBB e Casa dos Artistas juntos. Já trabalhei munido de um arsenal com um computador e um notebook conectados à internet, dois aparelhos de TV, um telefone fixo, um celular e um rádio, cobrindo os dois reality show simultaneamente. Comprei a maioria deles, perdi poucos. Não vou comprar a atual edição porque tenho de me dedicar ao meu mestrado.

Hoje assisto por diletantismo. Alguns amigos me criticam, não entendem como perco tempo com Big Brother. Gosto de BBB porque lá temos um laboratório espetacular para a análise do comportamento humano. Acho que meu filósofo preferido, o Foucault, também gostaria de Big Brother se ainda estivesse vivo, se não tivesse morrido de Aids em 1984, ainda nos primeiros anos da epidemia. Ele talvez dissesse que, no Big Brother, o discurso da sexualidade e da política são exercidos, de forma privilegiada, como “alguns de seus mais temíveis poderes”. E não ligo para o preconceito dos meus amigos que ainda não leram Foucault.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Beijo polêmico, mas cidadão

O Jornal da Band, da paulista TV Bandeirantes questionou na quinta-feira (03) o filme publicitário da campanha que o Ministério da Saúde produziu para o Dia Mundial de luta contra a AIDS, lançada em 1º de dezembro. O beijo entre um casal heterossexual (um homem e uma mulher) sorodiscordante (ele tem HIV e ela não), repercurtiu mal no Morumbi, bairro da classe média alta paulistana onde a emissora está localizada.

A possibilidade de transmissão do HIV pelo beijo é mínima. Pode ocorrer apenas se as duas pessoas estiverem sangrando (será que alguém cogitaria beijar outra pessoa com sangramento? Será que é grande a probabilidade de duas duas pessoas com sangramento beijar-se?).

No vídeo abaixo, a reportagem do Jornal da Band.


A campanha
O beijo está inserido em uma das mais sensíveis e corretas das campanhas do Ministério da Saúde sobre HIV. Pelo menos na minha opinião, que defendo, como as professoras Inesita Araújo e Janine Cardoso, ambas do ICICT/Fiocruz, que saúde não deve ser "vendida" como uma nova marca de tênis, de automóvel ou o lançamento de um apartamento. Saúde não é comércio, é um direito humano fundamental.

As pessoas que vivem com HIV/AIDS (PVHA) têm o direito de não sofrer preconceito ou discriminadas na rua, como aconteceu com o ator Cazu Barroz nesta semana num ônibus em Copacabana, no Rio. Cazu foi um dos protagonistas do filme de campanha similiar, produzida em 2006, e é um dos três brasileiros em recente campanha que o UNAIDS lançou em toda a América Latina.



Da mesma forma, a população têm o direito fundamental a informações corretas sobre saúde (beijo, abraço, convívio social e afetivo não transmitem o HIV). É obrigação constitucional do Ministério da Saúde comunicar à população as informações científicas de forma clara e compreensível para o maior número possível de pessoas. Isso também é cidadania.

Ah, os outros filmes que gostei foram os produzidos para a campanha do Dia Mundial de luta contra a AIDS de 2006, com os também PVHA Beatriz Pacheco e Cazu Barroz, os quais tive a honra de colaborar, enquanto estive no Grupo de Trabalho de Comunicação do Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A frase

Viver com Aids é possível.
Com o preconceito, não.

Slogan 2009 para a campanha que o governo federal lança nesta semana em alusão ao Dia Mundial de Luta contra a AIDS, comemorado desde 1988 no dia 1º de Dezembro.

sábado, 21 de novembro de 2009

Populações discriminadas pedem respeito em campanha da ONU

Na última segunda-feira (16), estive no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, para o lançamento da campanha Igual a Você, assinada por agências da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil e por segmentos da sociedade civil brasileira (veja abaixo). A realidade de estudantes, gays, lésbicas, pessoas vivendo com HIV, população negra, profissionais do sexo, refugiados, transexuais e travestis, e usuários de drogas é de enfrentamento do preconceito. Integram a campanha Igual a Você dez filmes de 30 segundos, que tem por objetivos promover a igualdade de direitos de homens, mulheres e crianças que são diariamente discriminadas no Brasil.



Durante a cerimônia de lançamento, agências da ONU que assinam a campanha deram um panorama da realidade de cada população – estudantes, gays, lésbicas, pessoas vivendo com HIV, população negra, profissionais do sexo, refugiados, transexuais e travestis e usuários de drogas –, e apresentaram os dez filmes de 30 segundos que integram a campanha. Os filmes estão disponíveis para veiculação em emissoras de televisão de todo o país, e também na página do UNAIDS Brasil no YouTube.



Igual a Você é uma série de filmetes de 30 segundos contra o estigma e o preconceito, dá voz e visibilidade aos direitos humanos das populações-alvo da campanha. Os filmes, produzidos pela agência [X]Brasil – Comunicação em Causas Públicas e gravados em estúdio com trilha sonora original de Felipe Radicetti, apresentam mensagens de lideranças de cada um dos grupos discriminados, levando em consideração diversidades de idade, raça, cor e etnia.

Sensível, Igual a Você tem um texto base para todas as populações retratadas na campanha. Alguns filmes, como o de crianças nas escolas, o de crianças vivendo com HIV/AIDS, o da população negra, o de usuários de drogas e o de refugiados têm textos diferentes, mas tão sensível quanto os outros. Apesar dessa linearidade, na qual os filmes ficaram bastante parecidos, gosto muito do filme de pessoas vivendo com HIV/AIDS (não pelo fato de eu estar nele), o de crianças vivendo com HIV/AIDS e o de prostitutas. É que o tom das falas faz toda a diferença.

Enfim, Igual a Você é uma campanha contra o estigma, o preconceito e a discriminação na qual as populações discriminadas mostram seus rostos e pedem o respeito que merecem da sociedade brasileira.

Assinatura da campanha Igual a Você:
Nações Unidas - UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), UNIFEM Brasil e Cone Sul (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher), UNESCO no Brasil (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), com apoio do UNIC Rio (Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil)

Sociedade Civil: ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), AMNB (Associação Brasileira de Mulheres Negras Brasileiras), ANTRA (Articulação Nacional de Travestis, Transexuais e Transgêneros), Movimento Brasileiro de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+ / MNCP / RNAJVHA) e Rede Brasileira de Prostitutas.